terça-feira, 7 de julho de 2009

EJA - TENTANDO ATENDER MELHOR

Nossos ultimos encontros da Educação continuada, tratamos de avaliação na EJA, e ainda, discutimos uma mudança radical no modo de atender nossa crientela.

O principal problema emfrentado em nossa U.E é que um grande numeros de alunos trabalham e não tem condições de assistir aulas todos os dias.
Assim a melhor opção é trabalhar ou atender a esses alunos de modo "semi-EAD". Estou buscando legislação e exeplo de U.E que esteja fazendo algo parecido. Bem leis que permite já encontrei e tambem exemplos positivos. Logo colocarei neste espaço resumo do projeto EJA Modular por Disciplina, que com certeza sera uma alternativa a evasão escolar nesta modalidade.

sábado, 20 de junho de 2009

Filhona

Esta é a minha Filha Samyra de Cabeça para baixo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Textos de Varios encontros Ed. Continuada

Fonte:
http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/o-mito-avaliacao-aprendizagem.htm
O Mito da avaliação da aprendizagem
“A avaliação é a reflexão transformada em ação, não podendo ser estática nem ter caráter sensitivo e classificatório”. Jussara Hoffmann
A Lei de diretrizes e Bases nº. 9.394/96, nos proporciona os dois mais importantes princípios da afetividade e amor no domínio escolar, o respeito à liberdade e a consideração à tolerância, que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para as ocupações no trabalho. A Lei 9.394/96, das diretrizes e bases para a educação nacional, faz menção à avaliação da aprendizagem. Ao longo dos seus artigos, o termo avaliação (e suas variações) aparece 24 vezes, e o termo verificação (do rendimento ou da aprendizagem), duas. São, assim, pelo menos vinte e seis alusões à idéia de avaliar, seja relacionando-a a instituições, a alunos, aos docentes, ou aos processos educacionais como um todo. A diferença fundamental entre verificação e avaliação, é que a primeira é uma ação estática e a segunda é um processo dinâmico e encaminha a ação.
Avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Avaliação é, fundamentalmente, acompanhamento do desenvolvimento do aluno no processo de construção do conhecimento. O professor precisa caminhar junto com o educando, passo a passo, durante todo o caminho da aprendizagem.
Hoffmann propõe para a realização da avaliação, na perspectiva de construção, duas premissas fundamentais: confiança na possibilidade do aluno construir as suas próprias verdades; valorização de suas manifestações e interesses. Para Hoffmann, o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos, numa extensão educativa é um componente altamente significativo ao desenvolvimento da ação educacional, pois permitirá ao docente a observação e investigação de como o aluno se coloca diante da realidade ao construir suas verdades. Ela distingue o diálogo entre professor e aluno como indicador de aprendizagem, necessário, à reformulação de alternativas de solução para que a construção do saber aconteça. A reflexão do professor sobre seus próprios posicionamentos metodológicos, na elaboração de questões e na análise de respostas dos alunos deve ter sempre um caráter dinâmico.
Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a prova não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar nas estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para interagir com esse discente. Para que isso aconteça, o desenvolvimento dessa prática avaliativa deverá decodificar a trajetória de vida do aluno durante a qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões, e isso é muito mais que conhecer o educando.
Em um processo de aprendizagem toda resposta do aluno é ponto de partida para novas interrogações ou desafios do professor. Devem-se ofertar aos alunos muitas oportunidades de emitir idéias sobre um assunto, para ressaltar as hipóteses em construção, ou as que já foram elaboradas Sem tais atitudes, não se idealiza, de fato, um processo de avaliação contínua e mediadora.
Avaliar significa ação provocativa do professor desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-o a um saber enriquecido, acompanhando o “vir a ser”, favorecendo ações educativas para novas descobertas. A avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo vinculando-a a idéia de qualidade. Não há como evitar a necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa torná-la eficaz naquilo que se propõe: a melhora de todo o processo educativo. Avaliar qualitativamente significa um julgamento mais global e intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral, colocado em determinada situação relacionada às expectativas do professor e também deles mesmos. Nesse momento, o professor deixa de ser um simples colecionador de elementos quantificáveis e utiliza sua experiência e competência analisando os fatos dentro de um contexto de valores, que legitimam sua atitude como educador.
Ref: HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção da Pré-Escola à Universidade.
Por Amélia HamzeColunista Brasil Escola.


A Avaliação da Aprendizagem nos dias de Hoje

Autora: Cássia Ravena Mulin de Assis Medel[1]


A dúvida é algo natural que deve ser estimulada. O bom didata sabe usá-la em benefício do aluno e de si mesmo...
Nos dias de hoje, a avaliação da aprendizagem não é algo meramente técnico. Envolve auto-estima, respeito à vivência e cultura própria do indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político. Embora essas dimensões não sejam perceptíveis a todos os professores, observa-se, por exemplo, que um professor que usa o erro do aluno como ponto inicial para compreender o raciocínio desse educando e rever sua prática docente, e, se necessário, reformulá-la, possui uma posição bem diversa daquele que apenas atribui zero àquela questão e continua dando suas aulas da mesma maneira. Do mesmo modo, o educador que faz uso de instrumentos de avaliação diversos para, ao longo de um período, acompanhar o ensino-aprendizagem, é diferente daquele que se restringe a dar uma prova ao final do período.




Segundo Canen (2001), Gandin (1995) e Luckesi (1996), a avaliação é um julgamento sobre uma realidade concreta ou sobre uma prática, à luz de critérios claros, estabelecidos prévia ou concomitantemente, para tomada de decisão. Desse modo, três elementos se fazem presentes no ato de avaliar: a realidade ou prática julgada, os padrões de referência, que dão origem aos critérios de julgamento, e o juízo de valor. Através desses elementos, constata-se que a avaliação não é um processo apenas técnico. O educador deve refletir acerca de algumas questões: Quem julga? Por que e para que se julga? Quais os aspectos da realidade que devem ser julgados? Deve-se partir de que critérios? Esses critérios se baseiam em quê? A partir dos resultados do julgamento, quais são os tipos de decisões tomadas? Como foi dito, a avaliação não é um processo apenas técnico, é um procedimento que inclui opções, escolhas, ideologias, crenças, percepções, posições políticas, vieses e representações, que informam os critérios através dos quais será julgada uma realidade. A avaliação do aproveitamento de alunos, por exemplo, pode basear-se em critérios reduzidos, apenas à memorização de conteúdos, ou pode basear-se em critérios que visem ao crescimento pessoal dos alunos, no que diz respeito as suas atitudes, liderança, conscientização crítica e cidadã. Esses critérios se originam de opiniões acerca do que se entende por educação, e vão direcionar o julgamento de valor acerca do desempenho daqueles alunos. O Projeto Político-Pedagógico da escola deve ser elaborado coletivamente, e expor a visão acerca da missão da unidade escolar, direcionando os critérios através dos quais as práticas docentes que estão sendo desenvolvidas, sejam avaliadas. A avaliação da aprendizagem não é um julgamento de valor apenas acerca do aluno, mas também acerca da prática docente, que tem como resultado o desempenho do aluno. Segundo Paulo Freire, a avaliação não é um ato pelo qual A avalia B, mas sim um processo pelo qual A e B avaliam uma prática educativa. Quando um professor dá uma explicação sobre um conteúdo, e no entanto, nos instrumentos de avaliação que ele elabora, propõe exercícios que abordam aspectos e habilidades referentes à matéria que não foram trabalhados, o aluno sente-se “perdido”, sem ter um caminho a seguir, uma reflexão que possa fazer acerca daquela matéria. O educador deve ter uma posição de não neutralidade envolvida na escolha dos critérios para o julgamento de valor e na escolha daquilo que se deseja julgar, a avaliação, como dissemos anteriormente, envolve mais do que uma simples contemplação. Ela requer tomada de decisão. Conforme Luckesi (1996), sendo o juízo satisfatório ou insatisfatório, temos sempre três possibilidades de tomada de decisão: continuar na situação em que nos encontramos, introduzir mudanças para que o objeto ou situação se modifique para melhor ou suprimir a situação ou objeto. Infelizmente, algumas tomadas de decisão partindo de critérios que limitam o processo educativo a aulas expositivas, de linguagem pouco clara para os educandos, e, que restringem a avaliação a apenas um momento final, partindo de um único instrumento, homogêneo, tendem a optar pela “supressão” do educando direta ou indiretamente, através de sua reprovação. Desse modo, o educador de hoje, deve repensar acerca dos seus critérios de avaliação, acerca da necessidade de construir políticas e práticas que considerem essa diversidade e que estejam comprometidas com o sucesso e não o fracasso escolar. Para isso, faz-se necessário um retorno as formas pelas quais a avaliação foi planejada.
Autora: Cássia Ravena Mulin de Assis Medelemail: ravenamedel@yahoo.com.brVeja mais detalhes sobre a autora nas notas abaixo.
Notas: [1] Professora e Orientadora Pedagógica do CIEP 277 João Nicoláo Filho “Janjão” e da E.M. Prof. Ewandro do Valle Moreira, localizadas no município de Cantagalo-RJ.


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Mariano Enguita: "As funções da avaliação são potencialmente duas: o diagnóstico e a classificação. Da primeira, supõe-se que permita ao professor e ao aluno detectar os pontos fracos deste e extrair as conseqüências pertinentes sobre onde colocar posteriormente a ênfase no ensino e na aprendizagem. A segunda tem por efeito hierarquizar e classificar os alunos. A escola prega em parte a avaliação com base na primeira função, mas a emprega fundamentalmente para a segunda."
"A avaliação (...) tem de adequar-se à natureza da aprendizagem, levando em conta não só os resultados das tarefas realizadas, o produto, mas também o que ocorreu no caminho, o processo. Para isso é preciso observar:Que tentativas o aluno fez para realizar a atividade?Que dúvidas manifestou?Como interagiu com os outros alunos?Demonstrou alguma independência?Revelou progressos em relação ao ponto em que estava?""A avaliação deve servir para subsidiar a tomada de decisões em relação à continuidade do trabalho pedagógico, não para decidir quem será excluído do processo."
Publicação: Artigo da Publicação Raízes e Asas n. 8. São Paulo: CENPEC, 1995Páginas: 23
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Autor: Maria Elisabeth Pereira Kraemer
GESTIÓN DEL CONOCIMIENTO
Pesq. Em http://www.gestiopolis.com/Canales4/rrhh/aprendizagem.htm
A avaliação é parte integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito amplo nos processos de ensino. Requer preparo técnico e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos.
Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico.
O professor, que trabalha numa dinâmica interativa, tem noção, ao longo de todo o ano, da participação e produtividade de cada aluno. É preciso deixar claro que a prova é somente uma formalidade do sistema escolar. Como, em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, deve-se ter inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação. 1 . INTRODUÇÃOA avaliação, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas brasileiras, tem se constituído no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e pais. Os métodos de avaliação ocupam, sem duvida espaço relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou retenção em determinadas disciplinas. Para Oliveira (2003), devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que forneçam subsídios ao trabalho docente,
direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequado à disciplina
– mas não somente -, à medida que consideram, igualmente, o contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível.A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes.2 . ORIGEM DA AVALIAÇÃOAvaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado,
porém, a compreensão do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos alunos. A avaliação tem sido estudada desde o início do século XX, porém, segundo Caro apud Goldberg & Souza (1982), desde 1897 existem registros dos relatos de J. M. Rice sobre uma pesquisa avaliativa utilizada para estabelecer a relação entre o tempo de treinamento e o rendimento em ortografia, revelando que uma grande ênfase em exercícios não levava necessariamente a um melhor rendimento.
As duas primeiras décadas deste século, de acordo com Borba & Ferri (1997), foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados para medir as habilidades e aptidões dos alunos e influenciados, principalmente nos Estados Unidos, pelos estudos de Robert Thorndike.Nessa época, as pesquisas avaliativas voltavam-se particularmente para a mensuração de mudanças do comportamento humano. Caro apud Goldberg & Souza (1982) aponta várias destas pesquisas realizadas nos anos 20 para medir efeitos de programas de diversas áreas sobre o comportamento das pessoas.
Eram realizados experimentos relativos à produtividade e à moral dos operários, à eficácia de programas de saúde pública, à influência de programas experimentais universitários sobre a personalidade e atitudes dos alunos, etc. A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e características no campo da Psicologia, sendo que as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados para medir as habilidades e aptidões dos alunos.A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e independente face à classificação. De âmbito mais vasto e conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação indispensável em qualquer sistema escolar.Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem, um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio errado.É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é necessária a professores e alunos.A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que dificuldades estão a revelar relativamente a outros.
Esta informação é necessária ao professor para procurar meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver essas dificuldades e é necessária aos alunos para se aperceberem delas (não podem os alunos identificar claramente as suas próprias dificuldades num campo que desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem uma intenção formativa.A avaliação proporciona também o apoio a um processo a decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou resultados de aprendizagem.As avaliações a que o professor procede enquadram-se em três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e somativa.3 – EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃOA partir do início do século XX, a avaliação vem atravessando pelo menos quatro gerações, conforme Guba e Lincoln, apud Firme (1994). São elas: mensuração, descritiva, julgamento e negociação.3.1 – Mensuração – não distinguia avaliação e medida. Nessa fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de instrumentos ou testes para verificação do rendimento escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis na classificação de alunos para se determinar seu progresso.3.2 – Descritiva – essa geração surgiu em busca de melhor entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o aluno.
Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com relação aos objetivos estabelecidos.
Neste sentido o avaliador estava muito mais concentrado em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu o termo “avaliação educacional”. 3.3 – Julgamento – a terceira geração questionava os testes padronizados e o reducionismo da noção simplista de avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação maior o julgamento.
Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, incorporando, contudo, o que se havia preservado de fundamental das gerações anteriores, em termos de mensuração e descrição.
Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever, era preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do objeto, inclusive sobre os próprios objetivos. 3.4 – Negociação – nesta geração, a avaliação é um processo interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma construtivista. Para Guba e Lincoln apud Firme (1994) é uma forma responsiva de enfocar e um modo construtivista de fazer.
A avaliação é responsiva porque, diferentemente das alternativas anteriores que partem inicialmente de variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e desenvolve a partir de preocupações,
proposições ou controvérsias em relação ao objetivo da avaliação, seja ele um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. Ela é construtivista em substituição ao modelo científico, que tem caracterizado, de um modo geral, as avaliações mais prestigiadas neste século.
Neste sentido, Souza (1993) diz que a finalidade da avaliação, de acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se fizerem necessários em face do projeto educativo,
definido coletivamente, e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um instrumento referencial e de apoio às definições de natureza pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por meio de relações partilhadas e cooperativas. 4 – FUNÇÕES DO PROCESSO AVALIATIVO As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação e de apreciação. 4.1 – Função diagnóstica - A primeira abordagem, de acordo com Miras e Solé (1996, p. 381), contemplada pela avaliação diagnóstica (ou inicial), é a que proporciona informações acerca das capacidades do aluno antes de iniciar um processo de ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom,
Hastings e Madaus (1975), busca a determinação da presença ou ausência de habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das causas de repetidas dificuldades na aprendizagem. A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos, de resolver situações presentes. 4.2 – Função formativa -
A segunda função á a avaliação formativa que, conforme Haydt (1995, p. 17), permite constatar se os alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas.
Representa o principal meio através do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos.
Outro aspecto destacado pela autora é o da orientação fornecida por este tipo de avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do professor, principalmente através de mecanismos de feedback.
Estes mecanismos permitem que o professor detecte e identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
Para Bloom, Hastings e Madaus (1975), a avaliação formativa visa informar o professor e o aluno sobre o rendimento da aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a localização das deficiências na organização do ensino para possibilitar correção e recuperação.A avaliação formativa pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de identificar dificuldades e de lhes dar solução. 4.3 – Função somativa – Tem como objetivo, segundo Miras e Solé (1996, p. 378) determinar o grau de domínio do aluno em uma área de aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade da aprendizagem realizada.
Pode ser chamada também de função creditativa. Também tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento.A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final de uma unidade de aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos parcelares. 5 – OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO Na visão de Miras e Solé (1996, p. 375), os objetivos da avaliação são traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de informações úteis para tomar alguma decisão”.
Para Nérici (1977), a avaliação é uma etapa de um procedimento maior que incluiria uma verificação prévia. A avaliação, para este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização do que o educando revelou ter aprendido durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
Segundo Bloom, Hastings e Madaus (1975), a avaliação pode ser considerada como um método de adquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande variedade de evidências que vão além do exame usual de ‘papel e lápis’.
É ainda um auxílio para classificar os objetivos significativos e as metas educacionais, um processo para determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do processo ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua efetividade. 6 – MODELO TRADICIONAL DE AVALIAÇÃO VERSUS MODELO MAIS ADEQUADO Gadotti (1990) diz que a avaliação é essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão, sobre a ação. Entende-se que a avaliação não pode morrer. Ela se faz necessária para que possamos refletir, questionar e transformar nossas ações.
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam como forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem. A forma como se avalia, segundo Luckesi (2002), é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na tabela 1, traça uma comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada a objetivos contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua adoção.
Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada
Modelo tradicional de avaliação
Modelo adequado
Foco na promoção – o alvo dos alunos é a promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as regras e os modos pelos quais as notas serão obtidas para a promoção de uma série para outra.

Implicação – as notas vão sendo observadas e registradas. Não importa como elas foram obtidas, nem por qual processo o aluno passou.
Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que de proveitoso e prazeroso dela obtém.



Implicação - neste contexto, a avaliação deve ser um auxílio para se saber quais objetivos foram atingidos, quais ainda faltam e quais as interferências do professor que podem ajudar o aluno.
Foco nas provas - são utilizadas como objeto de pressão psicológica, sob pretexto de serem um 'elemento motivador da aprendizagem', seguindo ainda a sugestão de Comenius em sua Didática Magna criada no século XVII. É comum ver professores utilizando ameaças como "Estudem! Caso contrário, vocês poderão se dar mal no dia da prova!" ou "Fiquem quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem aí e vocês verão o que vai acontecer..."

Implicação - as provas são utilizadas como um fator negativo de motivação. Os alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e prazeroso. Estimula o desenvolvimento da submissão e de hábitos de comportamento físico tenso (estresse).
Foco nas competências - o desenvolvimento das competências previstas no projeto educacional devem ser a meta em comum dos professores.









Implicação - a avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem. Neste ponto, modelos que indicam passos para a progressão na aprendizagem, como a Taxionomia dos Objetivos Educacionais de Benjamin Bloom, auxiliam muito a prática da avaliação e a orientação dos alunos.
Os estabelecimentos de ensino estão centrados nos resultados das provas e exames - eles se preocupam com as notas que demonstram o quadro global dos alunos, para a promoção ou reprovação.



Implicação - o processo educativo permanece oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua (não se buscam os reais motivos para discrepâncias em determinadas disciplinas).
Estabelecimentos de ensino centrados na qualidade - os estabelecimentos de ensino devem preocupar-se com o presente e o futuro do aluno, especialmente com relação à sua inclusão social (percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento, criticidade).
Implicação - o foco da escola passa a ser o resultado de seu ensino para o aluno e não mais a média do aluno na escola.
O sistema social se contenta com as notas - as notas são suficientes para os quadros estatísticos. Resultados dentro da normalidade são bem vistos, não importando a qualidade e os parâmetros para sua obtenção (salvo nos casos de exames como o ENEM que, de certa forma, avaliam e "certificam" os diferentes grupos de práticas educacionais e estabelecimentos de ensino).



Implicação - não há garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam, mas estes são relativos. Sistemas educacionais que rompem com esse tipo de procedimento tornam-se incompatíveis com os demais, são marginalizados e, por isso, automaticamente pressionados a agir da forma tradicional.
Sistema social preocupado com o futuro -já alertava o ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque: "Para saber como será um país daqui há 20 anos, é preciso olhar como está sua escola pública no presente". Esse é um sinal de que a sociedade já começa a se preocupar com o distanciamento educacional do Brasil com o dos demais países. É esse o caminho para revertermos o quadro de uma educação "domesticadora" para "humanizadora".
Implicação - valorização da educação de resultados efetivos para o indivíduo.

Adaptado de Luckesi (2002) Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti (2002), ao dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da consciência e da cidadania, passando pela produção do conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja preparado para transformá-lo. 7 - A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO CONSTRUTIVO DE UM NOVO FAZER O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda não está refletido na avaliação. Para Wachowicz & Romanowski (2002), embora historicamente a questão tenha evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais comum na maioria das instituições de ensino ainda é um registro em forma de nota, procedimento este que não tem as condições necessárias para revelar o processo de aprendizagem, tratando-se apenas de uma contabilização dos resultados.
Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e da dinâmica da aprendizagem.Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua característica pragmática, a fragmentação e a burocratização acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do processo.Os dados registrados são formais e não representam a realidade da aprendizagem, embora apresentem conseqüências importantes para a vida pessoal dos alunos, para a organização da instituição escolar e para a profissionalização do professor.Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação prescrita com os resultados.
A isenção advinda da necessidade de analisar a aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e os alunos a constatarem o que realmente ocorreu durante o processo: se o professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real, principalmente discutida coletivamente.
No entanto, a prática das instituições não encontrou uma forma de agir que tornasse possível essa isenção: as prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos impedem as observações.
A conseqüência mais grave é que essa arrogância não permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da aprendizagem.O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias há décadas, desde que as teorias da educação escolar recolocaram a questão no âmbito da cognição.
Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da aprendizagem. 8 - CONCLUSÃO A avaliação é a parte mais importante de todo o processo de ensino-aprendizagem. Bevenutti (2002) diz que avaliar é mediar o processo ensino/aprendizagem, é oferecer recuperação imediata, é promover cada ser humano, é vibrar junto a cada aluno em seus lentos ou rápidos progressos.Enquanto a avaliação permanecer presa a uma pedagogia ultrapassada, a mesma autora diz que a evasão permanecerá, e o educando, o cidadão, o povo continuará escravo de uma minoria, que se considera a elite intelectual, voltada para os valores da matéria ditadora, fruto de uma democracia mascarada e opressora.
Acreditamos que o grande desafio para construir novos caminhos, segundo Ramos (2001), é uma avaliação com critérios de entendimento reflexivo, conectado, compartilhado e autonomizador no processo ensino/aprendizagem. Desta forma, estaremos formando cidadãos conscientes, críticos, criativos, solidários e autônomos.Os novos paradigmas em educação devem contemplar o qualitativo, descobrindo a essência e a totalidade do processo educativo, pois esta sociedade reserva às instituições escolares o poder de conferir notas e certificados que supostamente atestam o conhecimento ou capacidade do indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade de quem avalia. Pensando a avaliação como aprovação ou reprovação, a nota torna-se um fim em si mesma, ficando distanciada e sem relação com as situações de aprendizagem.Mudar a nossa concepção se faz urgente e necessário. Basta romper com padrões estabelecidos pela própria história de uma sociedade elitista e desigual.
Neste sentido, Perrenoud (1993) afirma que mudar a avaliação significa provavelmente mudar a escola. Automaticamente, mudar a prática da avaliação nos leva a alterar práticas habituais, criando inseguranças e angústias e este é um obstáculo que não pode ser negado pois envolverá toda a comunidade escolar.Se as nossas metas são educação e transformação, não nos resta outra alternativa senão juntos pensar uma nova forma de avaliação. Romper paradigmas, mudar nossa concepção, mudar a prática, é construir uma nova escola.

Textos em Estudo na Formação Continuada (EJA) Not.

Para que Avaliar?

Para conhecer melhor o aluno/a

Avaliação Inicial

Para julgar a aprendizagem durante o processo de ensino

Avaliação Contínua

Para julgar globalmente o resultado de um processo didático

Avaliação Formativa

Avaliação Final





























Segundo nossas observações que são confirmadas por muitos autores, podemos responder à pergunta título deste artigo, apontando, que de modo geral serve: para classificar, castigar, definir o destino dos alunos de acordo com as normas escolares. Pode-se afirmar que a avaliação tem assumido, e já há muito tempo, uma função seletiva, uma função de exclusão daqueles que costumam ser rotulados “menos capazes, com problemas familiares, com problemas de aprendizagem, sem vontade de estudar, sem assistência familiar” e muitos outros termos parecidos.
De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a avaliação da culpa. Aponta, ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidades de classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.
Os currículos de nossas escolas têm sido propostos para atender a massificação do ensino. Não se planeja para cada aluno, mas para muitas turmas de alunos numa hierarquia de séries, por idades mas, esperamos de uma classe com 30 ou mais de 40 alunos, uma única resposta certa.
Segundo Perrenoud (2000), normalmente, define-se o fracasso escolar como a conseqüência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma “falta objetiva” de conhecimentos e de competências. Esta visão que “naturaliza” o fracasso, impede a compreensão de que ele resulta de formas e de normas de excelência que foram instituídas pela escola, cuja execução revela algumas arbitrariedades, entre as quais a definição do nível de exigência do qual depende o limiar que separa aqueles que têm êxito daqueles que não o têm. As formas de excelência que a escola valoriza, se tornam critérios e categorias que incidem sobre a aprovação ou reprovação do aluno.
Continua Perrenoud (2000): As classificações escolares refletem às vezes, desigualdades de competências muito efêmeras, logo não se pode acreditar na avaliação da escola. O fracasso escolar só existe no âmbito de uma instituição que tem o poder de julgar, classificar e declarar um aluno em fracasso. É a escola que avalia seus alunos e conclui que alguns fracassam. O fracasso não é a simples tradução lógica de desigualdades reais. O fracasso é sempre relativo a uma cultura escolar definida e, por outro lado, não é um simples reflexo das desigualdades de conhecimento e competência, pois a avaliação da escola, põe as hierarquias de excelência a serviço de suas decisões. O fracasso é, assim, um julgamento institucional.
A explicação sobre as causas do fracasso passará obviamente pela reflexão de como a escola explica e lida com as desigualdades reais.
O universo da avaliação escolar é simbólico e instituído pela cultura da mensuração, legitimado pela linguagem jurídica dos regimentos escolares, que legalmente instituídos, funcionam como uma vasta rede e envolvem totalmente a escola. (Lüdke; André, M. 1986)
Compreender as manifestações práticas da prática avaliativa é ao mesmo tempo compreender aquilo que nela está oculto.
Temos ciência de que esta exclusão no interior da escola não se dá apenas pela avaliação e sim pelo currículo como um todo (objetivos, conteúdos, metodologias, formas de relacionamento, etc.). No entanto, além do seu papel específico na exclusão, a avaliação classificatória acaba por influenciar todas as outras práticas escolares.
O que significa em termos de avaliação um aluno ter obtido nota 5,0 ou média 5,0? E o aluno que tirou 4,0? O primeiro, na maioria das escolas está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. O que o primeiro sabe é considerado suficiente. Suficiente para que? E o que ele não sabe? O que ele deixou de “saber” não pode ser mais importante do que o que ele “sabe”? E o que o aluno que tirou 4,0 “sabe” não pode ser mais importante do que aquilo que não “sabe”?
Acreditar que tais notas ou conceitos possam por si só explicar o rendimento do aluno e justificar uma decisão de aprovação ou retenção, sem que sejam analisados o processo de ensino-aprendizagem, as condições oferecidas para promover a aprendizagem do aluno, a relevância deste resultado na continuidade de estudos, é, sobretudo, tornar o processo avaliativo extremamente reducionista, reduzindo as possibilidades de professores e alunos tornarem-se detentores de maiores conhecimentos sobre aprendizagem e ensino.
A avaliação, unicamente, “medida”, ranço do positivismo, mais oculta e mistifica do que mostra, ou aponta aquilo que deve ser retomado, ser trabalhado novamente e de outra forma, o que é imprescindível que o aluno conheça. Também não podemos nos esquecer dos instrumentos utilizados para avaliar (confundida com mensuração), que fundamentam este processo decisório e necessitam de questionamentos, não só quanto a sua elaboração, mas, quanto à coerência e adequabilidade com o que foi trabalhado em sala de aula e o modo com que o que vai ser avaliado foi trabalhado.
Avaliar exige, antes que se defina aonde se quer chegar, que se estabeleçam os critérios, para, em seguida, escolherem-se os procedimentos, inclusive aqueles referentes à coleta de dados, comparados e postos em cheque com o contexto e a forma em que foram produzidos.
Para Hadji (2001), a passagem de uma avaliação normativa para a formativa, implica necessariamente uma modificação das práticas do professor em compreender que o aluno é, não só o ponto de partida, mas também o de chegada. Seu progresso só pode ser percebido quando comparado com ele mesmo: Como estava? Como está? As ações desenvolvidas entre as duas questões compõem a avaliação formativa.
A função nuclear da avaliação é ajudar o aluno a aprender e ao professor, ensinar. (Perrenoud, 1999), determinando também quanto e em que nível os objetivos estão sendo atingidos. Para isso é necessário o uso de instrumentos e procedimentos de avaliação adequados. (Libâneo, 1994, p.204).
O valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafia-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos conhecimentos. (Luckesi, 1999)
No entender de Luckesi (1999, p.43) “para não ser autoritária e conservadora, a avaliação tem a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos”. Na página 44, coloca o autor “a avaliação deverá verificar a aprendizagem não só a partir dos mínimos possíveis, mas a partir dos mínimos necessários”[1]. Enfatiza também a importância dos critérios, pois a avaliação não poderá ser praticada sob dados inventados pelo professor, apesar da definição desses critérios não serem fixos e imutáveis, modificando-se de acordo com a necessidade de alunos e professores.
Modificar a forma de avaliar implica na reformulação do processo didático-pedagógico, deslocando também a idéia da avaliação do ensino para a avaliação da aprendizagem.
Saviani, (2000, p.41), afirma que o caminho do conhecimento “É perguntar dentro da cotidianidade do aluno e na sua cultura; mais que ensinar e aprender um conhecimento, é preciso concretizá-lo no cotidiano, questionando, respondendo, avaliando, num trabalho desenvolvido por grupos e indivíduos que constroem o seu mundo e o fazem por si mesmos”.
“O importante não ‘é fazer como se’ cada um houvesse aprendido, mas permitir a cada um aprender”[2]. (Perrenoud, p. 165, 1999)
Avaliar deve servir para cada vez mais permitir a cada um aprender!
Referências Bibliográficas:
HADJI, C. Avaliação demistificada. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
LIBÂNEO, J.C. Didática. 15.ed. São Paulo: Cortez, 1999.
LUCKESI. C.C.Avaliação da aprendizagem escolar. 9. ed.São Paulo: Cortez, 1999.
LüDKE, M;. André, M.E.D A. pesquisa em educação: abordagens qualitativas.6.ed.São Paulo: EPU, 1986
Perrenoud, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
_________. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Saviani. D. Saber escolar, currículo e didática. 3.ed.Campinas: Autores Associados, 2000.

Ana Maria Avela Saul(1)

A Avaliação Educacional

A avaliação é um "casaco de várias cores"(2). Quando falamos em avaliação, com certeza não estamos fazendo referência sempre à mesma coisa; isso porque não há um só tipo de avaliação sobre o qual exista consenso.
A avaliação é uma constante em nosso dia-a-dia. Não aquela que fazemos ou que estamos comprometidos a fazer quando nos encontramos na Escola, mas um outro tipo, como aquele em que avaliamos impressões e sentimentos. Ao longo de um seminário, por exemplo, todos estaremos fazendo avaliações, procurando respostas a questões do tipo: Como é que sinto? Estou gostando? Está valendo à pena? Estou de fato construindo um novo conhecimento? É assim que, nas interações cotidianas, em casa, em nossa trajetória profissional, durante o lazer, a avaliação sempre se faz presente e inclui um julgamento de valor sobre nós mesmos, sobre o que estamos fazendo, sobre o resultado de trabalhos.
Na ação escolar, a avaliação incide sobre ações ou sobre objetos específicos - no caso, o aproveitamento do aluno ou nosso plano de ação. Avaliação, portanto, não pode ser confundida, como por vezes se faz, com o momento exclusivo de atribuição de notas ou com momentos em que estamos analisando e julgando o mérito do trabalho que os alunos desenvolveram. Vale dizer que a avaliação recai sobre inúmeros objetos, não só sobre o rendimento escolar.
Portanto, além de ser uma atividade associada intrinsecamente à nossa experiência cotidiana, a avaliação, quando se formaliza, é considerada de várias maneiras. Não se trata de um termo, como me referi inicialmente, que todos entendem da mesma forma.
A própria literatura educacional aponta diversos tipos de avaliação; por isso há quem se refira a ela como sendo "um casaco de várias cores", figuradamente, justamente para mencionar essa variedade - desde os tipos mais conhecidos, como avaliação da aprendizagem escolar ou do rendimento escolar, até as modalidades de avaliação de cursos, programas, projetos, currículos, sistemas educacionais, políticas públicas.
Enquanto professores, estamos mais inseridos na área da avaliação conhecida como avaliação da aprendizagem ou do rendimento escolar; há também quem se refira à avaliação do aluno. É ela que nos preocupa. No entanto, por vezes, somos solicitados também a nos pronunciarmos sobre outros objetos de avaliação. Por exemplo, quando assumimos a Diretoria de Orientação Técnica, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, estávamos também preocupados com outras duas áreas da avaliação educacional - a de currículo e a de políticas públicas. Tivemos então de responder, enquanto co-responsáveis pela direção da Secretaria de Educação, se a política educacional em desenvolvimento, nesta gestão, não estava correspondendo ao que se propôs. O quanto ela se aproximava ou se distanciava dessa proposta? Tentamos solucionar as questões críticas que foram diagnosticadas? Como isto se põe hoje? Esta avaliação pode e deve ser desencadeada, de um lado, por aqueles que estão dirigindo, que são responsáveis pelos programas da Secretaria e, de outro, pelos usuários, a quem as ações da política pública se dirigem. No caso da Educação, da Escola, os usuários diretos são os alunos, as famílias e também os professores e especialistas, uma vez que a política educacional da Secretaria prevê o trabalho de formação permanente e em conjunto com os profissionais que atuam diretamente com os alunos.
Minha intenção até aqui foi mapear, em linhas gerais, o campo da avaliação educacional e apresentar alguns exemplos. Trataremos, daqui para a frente, especificamente da avaliação da aprendizagem. Esta dimensão, como a própria literatura mostra, numa revisão bibliográfica feita por DAVID NETO (1977), foi, até meados de 1950, o foco mais freqüentemente estudado na área. De 1950 para cá, vamos encontrar outros focos de avaliação – de projetos alternativos, por exemplo. Assim, em 1957, para citar um exemplo, quando a questão do conhecimento em Ciências preocupava sobremaneira os norte-americanos, ressentidos de não terem sido os primeiros a lançar o Sputinik -responsabilidade dos russos -, o que aconteceu? Começaram a produzir rapidamente programas alternativos de Ciências e Física e, conseqüentemente, surgiu a preocupação com o efeito desses programas nas escolas. Isto ocorreu também no Brasil, só que com uma distância de quase duas décadas.
Nessa época, principalmente em São Paulo, as secretarias de Educação começaram a produzir propostas alternativas nas áreas do conhecimento e a se preocupar com a avaliação dessas ações curriculares. O Ministério da Educação e Cultura – MEC também passou a incentivar alguns projetos alternativos aos livros didáticos, o que, em geral, se fez acompanhar de um trabalho de treinamento de professores para desenvolverem tais projetos. Por que essa defasagem de duas décadas em relação aos Estados Unidos? Seu entendimento passa necessariamente pela análise do contexto das relações mais amplas que se estabeleciam entre a sociedade brasileira e a norte-americana, principalmente na área da Educação. Trazemos ainda uma forte marca norte-americana nas formas de trabalho, nos livros-texto, nas programações, nas ações de alteração curricular e, conseqüentemente, nas formas de avaliação.Isto tudo não se deve ao acaso, mas é explicável por várias indicações de contexto. De um lado, podemos entender por que essa transferência tem-se dado dessa forma, quando analisamos as relações econômicas internacionais. Os empréstimos contraídos pelo Brasil envolvem, contratualmente, o uso de uma parcela na Educação.
Não se trata apenas de uma recomendação. Junto a essa decisão definem-se também os meios como serão empregados os recursos. No Brasil, principalmente nos anos 60 e 62 70, tivemos uma grande incidência de recomendações explícitas nos acordos internacionais, que previram, inclusive, a presença de técnicos norte-americanos para treinamento de professores brasileiros. De outro lado, tivemos, nessa época, um grande trânsito de professores brasileiros que faziam seus mestrados e doutorados nos Estados Unidos, trazendo toda uma bibliografia norte-americana que influenciou os cursos de nossas universidades. Em decorrência disso tudo, vieram a ser produzidas ações ministeriais e das secretarias de Educação. Essa "transferência cultural", no entanto, não se deu de forma cabal, felizmente. Isto porque houve e há, sempre, um espaço para a produção da contra-ideologia, dentro tanto do País como da Escola, particularmente. As teorias que até recentemente foram estudadas como teorias da reprodução social e que destacam a Escola como um "aparelho reprodutor do Estado" hoje mostram um avanço. Vários autores conseguiram teorizar o cotidiano e a prática social, mostrando que as escolas possuem dentro delas, e a sociedade também, formas de resistência, no sentido de se oporem e recriarem a ideologia. No entanto, as formas de resistência, conforme alguns autores, dentre eles Henry GIROUX(3), existem em potencial na prática social das escolas e da sociedade como um todo, e é por isso que a História tem graus maiores ou menores de mobilidade. Do contrário, haveria um imobilismo. As vezes, esta contra-ideologia demora a aparecer devido à forte dominação, ao autoritarismo, mas a História atesta que esse movimento é possível. Há pouco, abordei brevemente a trajetória histórica da avaliação educacional, demarcando e fazendo a "crítica da transposição cultural". Com isto não quero negar o necessário conhecimento e o intercâmbio com a produção internacional. Uma coisa é a "transposição" como réplica, o que é indesejável. No entanto, não podemos cair numa posição dogmática, sectária, xenófoba, ingênua, que afirma que vamos começar a produzir tudo nacionalmente, num ufanismo nacionalista; isto seria um absurdo em termos do avanço da ciência, do conhecimento.
Devemos ter a necessária acuidade crítica para ver o que internacionalmente é produzido e verificar como nos posicionamos ante essa produção de conhecimento internacional, e como construímos um novo conhecimento a partir das nossas necessidades e a partir do conhecimento produzido nacional e internacionalmente.Com esse breve histórico, entendemos por que a avaliação da aprendizagem é da forma que é.
Há alguns anos, tive a oportunidade de fazer pesquisas por solicitação de alguns órgãos públicos sobre avaliação do rendimento escolar.
Essas pesquisas vinham sempre com a seguinte encomenda: modificar o sistema de avaliação da aprendizagem, colocado como uma das necessidades das escolas. Os professores consideravam a avaliação da aprendizagem um problema crítico; não estavam satisfeitos com a avaliação realizada e queriam mudá-la. Essa colocação eu a tenho visto repetida em várias pesquisas da Universidade e de órgãos públicos. Os professores não estão satisfeitos (salvo exceções) com a avaliação que fazem. Querem melhorar o processo de avaliação e, mais ainda, consideram que mudando a avaliação melhora-se a qualidade de ensino.
Essa tem sido uma fala freqüente de órgãos públicos, de grupos de professores e até mesmo das universidades. Muitas vezes, fui chamada à Universidade para dar assessoria no tocante à avaliação. Por que solicitaram a assessoria? Porque queriam mudar a avaliação para melhorar a qualidade do ensino. O que isto quer dizer? Em primeiro lugar, quero ressaltar que esta é uma afirmativa que, isoladamente, não pode ser sustentada. Por quê? Porque a avaliação é intrinsecamente ligada ao processo pedagógico que nós estamos desenvolvendo. A avaliação faz parte desse processo, mas não podemos fazer o caminho inverso – ter a crença de que mudando o processo de avaliação, exclusivamente, melhora-se a qualidade da Educação. Isto se toma um fetiche, quando colocado desta forma. E avaliação acabou virando um fetiche, assim como qualidade de ensino. Toma-se uma entidade que toma conta de nós, dirige nossas ações, sem muita consciência do que ela é. A avaliação tem sido colocada como o grande vilão da Escola brasileira, da educação infantil, passando pelo 19 e 2Q Graus, chegando até a Universidade. A imprensa tem mostrado muito a questão da avaliação das universidades. Isto acaba levando a conclusões lineares. Se se resolver o problema da avaliação, se todos fizerem uma avaliação bem-feita, estará resolvida a questão da qualidade do ensino. Estas afirmações acabam fazendo parte do ideário dos educadores e até mesmo do senso comum.
A avaliação deve ser melhorada sim, mas dentro do conjunto das práticas educativas do qual ela faz parte. Sem isto, não tem sentido trabalhar especificamente sobre a avaliação.
E, por causa desse fetichismo que tomou conta de conceitos e práticas como esses, está havendo uma grande inversão no cotidiano das escolas brasileiras.
A avaliação está-se tornando o centro da aula, em torno do qual tudo gira. Só que em vez de centralizar a ação nos processos de produção de conhecimento, de ensino--aprendizagem que envolvem as pesquisas e as relações professor-aluno, tudo é voltado para a avaliação. Em nome da avaliação, o aluno vai ou não vai para a Escola, faz ou não faz a lição, fala ou não fala determinadas coisas, comporta-se de uma maneira ou de outra; isto porque tem a avaliação. Os pais também caminham em função de perseguir como está a avaliação do aluno na Escola, e os professores, em geral, utilizam, durante a maior parte do tempo, a avaliação como sistema de controle da disciplina, das tarefas e de tudo o que acontece. Isso aparece nas pesquisas do cotidiano da Escola. As falas são mescladas de colocações ameaçadoras: "Olha lá, logo vamos fazer uma prova", "Se vocês brincarem, a prova vai ser mais difícil", "Eu vou fazer uma prova-relâmpago", "Cuidado com a sua nota", "Vou tirar dois pontos". O tempo todo a avaliação domina o cenário da sala de aula. Dentre os autores nacionais, um colega nosso, o professor Cipriano LUCKESI, da Bahia, vem tratando essa questão com a "pedagogia do exame". Em substituição à pedagogia do ensino-aprendizagem, da produção do conhecimento, encontramos hoje, nas escolas brasileiras, a pedagogia do exame. Esse tema originalmente foi 64 tratado pelo professor Atinge Diaz BARRIGA em seu livro Currículo e Avaliação Escola(4). Este autor mostra essas inversões e como a avaliação passou a ser o centro controlador, transformando-se em instrumento de poder do professor. "A avaliação é uma arma na mão do professor", diz a professora Maria Amélia AZEVEDO.
No entanto, a avaliação, como a vejo, pode ser uma "grande janela", através da qual podemos entrar e alterar as nossas práticas cotidianas, ou seja, o nosso projeto pedagógico. Com isso queremos significar que através da janela da avaliação é possível alterar o que desenvolvemos na sala de aula, a relação com os colegas da Escola, prevendo a própria concepção da Escola como um todo. É possível, portanto, através da preocupação com a avaliação, trabalhar no sentido de revisão do projeto pedagógico. Nas pesquisas que desenvolvi ou que outros colegas desenvolveram, vamos ver que além da grande preocupação com a avaliação, da insatisfação dos professores com a avaliação, ela tem-se caracterizado como uma prática centrada numa devolução de informações. Quando perguntávamos ao professor: "O que é que você avalia?", ele respondia: "Eu avalio o conhecimento, os aspectos cognitivos dos alunos". E quando perguntávamos aos alunos: "O que os professores avaliam?", a resposta era: "Avaliam os conceitos, as informações que foram transmitidas". Isso é muito próximo do que trata BARRIGA. A pedagogia do exame (provas, testes, ritual da avaliação) está intimamente ligada à corrente neoliberal de Educação entendida como transmissora do conhecimento. É importante entender essas relações. Por que a avaliação se tomou uma prática educacional tão poderosa? Ela faz o quê? Ela se tornou uma prática ameaçadora, uma prática autoritária. Mas ela não é isoladamente autoritária. Ela o é, porque está no bojo de um conjunto, de uma Educação entendida como transmissora de informações, que é igualmente autoritária. É neste sentido das relações da avaliação com a concepção da Educação que é importante entender que, se nós vamos mudar a avaliação, se estamos insatisfeitos com ela, para onde vamos mudá E em que relação com a concepção que temos da Educação? Nas pesquisas realizadas sobre avaliação, quando os professores disseram que queriam melhorá-la, referiam-se aos instrumentos - "Queremos aprender a fazer melhor as nossas provas"; "Nós achamos que se construirmos melhor as nossas provas, estaremos melhorando a qualidade do ensino e a gente estará sendo mais justo". O que é essa preocupação com a questão da justiça? Isto está relacionado a uma concepção de que um instrumento, quanto mais objetivo puder ser, conseguirá avaliar com maior justiça os alunos. Isto merece uma discussão.Isoladamente, o fato de se ter uma prova objetiva, com os maiores cuidados de fidedignidade, de validade, não produz a maior justiça que o professor busca. Há uma série de compreensões de como ele trabalhou durante o mês, durante o bimestre, que a questão da justiça não resolve. É importante verificar como podemos avançar e melhorar nos nossos instrumentos, mas não é esse o nó principal do processo educacional.
Isso precisa vir no conjunto das transformações das ações que se dão em sala de aula e na Escola. Se não invertermos a pedagogia da avaliação pela pedagogia do ensino-aprendizado, não vamos alterar o processo educacional. Podemos, sim, começar pela avaliação.Em várias assessorias das quais participei, começando pela avaliação - O que existe? Como fazem? Por que não satisfaz? -, verificamos o que acontecia do ponto de vista dos professores e do ponto de vista dos alunos. E aí, pela janela da avaliação, pôde-se trazer para os vários grupos de professores como os alunos entendiam a avaliação, como se sentiam diante dela e o que acontecia com ela. A pesquisa envolvia a visão e os depoimentos dos professores, tanto da ótica da crítica da avaliação, como da de suas perspectivas. Eles sabiam que os alunos também estavam sendo ouvidos, em depoimentos a respeito da avaliação. Os resultados dos alunos eram trabalhados com os professores, verificando-se as coincidências e as diferenças entre eles, dando-se início a uma discussão que partia da avaliação e ia para o projeto pedagógico da Escola. Nesse confronto de posições, eles mesmos perceberam que a questão não era apenas a avaliação e que a questão inicial não era a atribuição de notas ou conceitos, ou a diversificação e apuração dos instrumentos, ou a simplificação de sínteses, mas o projeto pedagógico proposto (pesquisa feita em trás escolas técnicas federais para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais- INEPE-1983).
Os depoimentos dos alunos a respeito de como eram avaliados e o que faziam com os resultados da avaliação, quando recebiam as notas, foram os seguintes: "Quando a nota é boa, tico contente", "Quando a nota é ruim, eu fico triste, me sinto culpado, acho que não estudei o suficiente ou não entendi direito". Poucos disseram que precisavam melhorar a produção. À pergunta "O que acontece quando você fira notas baixas, além desses sentimentos?", raramente um ou outro fez referências a retomadas, pelos professores, do que não sabiam. Isto significa que os resultados não chegavam a ser mobilizadores nem para os alunos, no sentido de fazer com que eles se envolvessem mais no processo ensino-aprendizagem, nem para os professores, no sentido de fazer com que houvesse uma retomada do trabalho.
Na discussão desses dados, o próprio grupo de professores, analisando todas as sínteses, perguntou-se para que servia, então, a avaliação. Se ela não serve aos propósitos nem de mobilizar o aluno para que se reveja, perceba o patamar de conhecimento onde está, nem de mobilizar o professor para retomar o trabalho, então ela não está cumprindo seu papel principal, que é, realmente, diagnosticar como o aluno está e poder através desse diagnóstico, analisado de diferentes pontos de vista, superar o que está ocorrendo no processo ensino-aprendizagem, no sentido de rever o que se está fazendo, dos pontos de vista do professor, do aluno e da relação ensino-aprendizagem. A avaliação também não está servindo, no caso, para que o aluno tome consciência de que isso ocorre inserido num contexto educacional como um todo.
O que acontece é que os alunos se sentem culpados pelas notas baixas e, algumas vezes, os próprios professores costumam afirmar que se o aluno não foi bem é porque não estudou, é porque não teve apoio em casa ou porque não se concentrou nas aulas. Isto é apontado tanto pelos alunos quanto pelos professores. E aí a questão dos maiores resultados acaba ficando uma questão individual do aluno.
Esta tem sido a tônica, a característica marcante do processo de avaliação. O contexto como um todo não é analisado. É claro que o fato de o aluno se interessar, estar atento, realizar uma série de ações complementares dentro e fora da Escola está associado e é importante para seu desempenho. No entanto, não é o único determinante do bom desempenho. Pensar e afirmar isto é estar apoiando o nosso raciocínio e a nossa conclusão em pressupostos individualistas, ainda de corte neoliberal: o sucesso depende do esforço individual; quem se esforça, vence, quem não se esforça, sai-se mal. Muitas vezes, esses pressupostos não são conscientes, não são explicitados, mas estão embalando as afirmações e a prática educacional. Esta mesma análise está presente na explicação da obtenção do sucesso na sociedade. As pessoas esforçadas são as que vencem. Essas explicações não levam em conta uma análise mais global da situação: que ausência de condições a sociedade impõe à grande maioria, e que privilégios concede a alguns, a uma pequena faixa desta sociedade? Esta análise está pouco presente no dia-a-dia das pessoas. A lógica do senso comum é impregnada por uma ideologia conservadora de caráter individualista, que coloca sobre o indivíduo todo o poder e a responsabilidade de seu sucesso ou fracasso: "Ele conseguiu, porque se esforçou"; "O estrangeiro, com esforço, conseguiu; o brasileiro é
preguiçoso, por isso não consegue se sair bem na vida". Esta análise conservadora mostra-se com outra roupagem, mas do mesmo jeito, dentro da Escola e dentro da avaliação. Ela veste-se de outras palavras. Então o aluno diz: "Eu não consegui"; e o professor: "Você não conseguiu, porque você não presta atenção, você está no mundo da lua, preocupado com outras coisas"; e os pais: "Olha, professor, o senhor pode puxar a orelha, pode repreendê-lo como se fosse eu". Não é raro os pais delegarem o poder de autoritarismo físico. Os próprios pais reprimem, dão castigos físicos, quando os filhos chegam com notas baixas em casa. Isso é muito comum e há pesquisas que o comprovam. Este é um quadro grave, decorrente desta avaliação, que possui um caráter ameaçador e que tem legitimado toda uma ideologia conservadora. A questão, portanto, não está exclusivamente na avaliação. Trabalhar com avaliação é importante, no sentido de que a entendamos vinculada a uma prática educacional necessária para que se saiba como se está, enquanto aluno, professor e conjunto da Escola; o que já se conseguiu avançar, como se vai vencer o que não foi superado e como essa prática será mobilizadora para os alunos, para os professores, para os pais. Aí sim, vale a pena pensar na reformulação do processo de avaliação, juntamente com a reformulação de todo o processo da Educação, servindo às nossas crenças, às nossas atuações, às nossas ações do cotidiano. É por esta razão que, diante do trabalho que vimos desenvolvendo durante estes quase três anos de administração, fizemos o esforço de trabalhar simultaneamente a mudança e a reorientação do currículo da Escola e acentuar o trabalho todo de projetos pedagógicos próprios das escolas, para que elas possam estar avançando nisso. E avançar nesse processo requer, necessariamente, uma formação permanente e constante dos profissionais, de todos os envolvidos no processo de Educação. Não seria possível, e seria também uma prática autoritária, fazer alterações do projeto político-pedagógico dentro da Secretaria da Educação sem uma discussão de fundo com as escolas, com os professores, e sem acoplar a isso um programa permanente de formação.
E é por isto também que acreditamos que o regimento, o qual as escolas acabaram de discutir, numa primeira análise, contempla um conjunto de alterações, na perspectiva de política educacional e de avaliação do processo ensino-aprendizagem; contempla, conjuntamente, um processo de alterações, que não é posto hoje, mas que, acreditamos, avança, considerando a história da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, no sentido de uma revisão deste processo, na busca de uma Escola Pública popular, democrática e de boa qualidade.


Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Maria Amélia. Avaliação educacional: medo e poder!!! In: Educação e
Avaliação. São Paulo: Cortez, 1980.
BARRIGA, Ángel Diaz. Curriculum y evaluación escolar. Buenos Aires: Instituto de
Estudos y Acción Social. Rey Argentina S.A. Arque Grupo Editor S.A., 1990.
GIROUX, Henry. Teoria crítica e resistência em educação. Rio de Janeiro: Vozes,
1986.
SAUL, Ana Maria A. Avaliação emancipatória, desafio á teoria e a prática de
avaliação e reformulação de currículo. São Paulo: Cortez/Autores Associados,
1988.

AvaliaçFonteão

em : http://sitededicas.uol.com.br/art_avaliacao.htm tem um texto interessante.

A avaliação é a reflexão transformada em ação, não podendo ser estática nem ter caráter sensitivo e classificatório”. Jussara Hoffmann (http://www.educador.brasilescola.com/trabalho-docente/o-mito-avaliacao-aprendizagem.htm


A Lei de diretrizes e Bases nº. 9.394/96, nos proporciona os dois mais importantes princípios da afetividade e amor no domínio escolar, o respeito à liberdade e a consideração à tolerância, que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para as ocupações no trabalho. A Lei 9.394/96, das diretrizes e bases para a educação nacional, faz menção à avaliação da aprendizagem. Ao longo dos seus artigos, o termo avaliação (e suas variações) aparece 24 vezes, e o termo verificação (do rendimento ou da aprendizagem), duas. São, assim, pelo menos vinte e seis alusões à idéia de avaliar, seja relacionando-a a instituições, a alunos, aos docentes, ou aos processos educacionais como um todo. A diferença fundamental entre verificação e avaliação, é que a primeira é uma ação estática e a segunda é um processo dinâmico e encaminha a ação.

Avaliar envolve valor, e valor envolve pessoa. Avaliação é, fundamentalmente, acompanhamento do desenvolvimento do aluno no processo de construção do conhecimento. O professor precisa caminhar junto com o educando, passo a passo, durante todo o caminho da aprendizagem.

Hoffmann propõe para a realização da avaliação, na perspectiva de construção, duas premissas fundamentais: confiança na possibilidade do aluno construir as suas próprias verdades; valorização de suas manifestações e interesses. Para Hoffmann, o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos, numa extensão educativa é um componente altamente significativo ao desenvolvimento da ação educacional, pois permitirá ao docente a observação e investigação de como o aluno se coloca diante da realidade ao construir suas verdades. Ela distingue o diálogo entre professor e aluno como indicador de aprendizagem, necessário, à reformulação de alternativas de solução para que a construção do saber aconteça. A reflexão do professor sobre seus próprios posicionamentos metodológicos, na elaboração de questões e na análise de respostas dos alunos deve ter sempre um caráter dinâmico.

Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a prova não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar nas estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para interagir com esse discente. Para que isso aconteça, o desenvolvimento dessa prática avaliativa deverá decodificar a trajetória de vida do aluno durante a qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões, e isso é muito mais que conhecer o educando.

Em um processo de aprendizagem toda resposta do aluno é ponto de partida para novas interrogações ou desafios do professor. Devem-se ofertar aos alunos muitas oportunidades de emitir idéias sobre um assunto, para ressaltar as hipóteses em construção, ou as que já foram elaboradas Sem tais atitudes, não se idealiza, de fato, um processo de avaliação contínua e mediadora.

Avaliar significa ação provocativa do professor desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-o a um saber enriquecido, acompanhando o “vir a ser”, favorecendo ações educativas para novas descobertas. A avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo vinculando-a a idéia de qualidade. Não há como evitar a necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa torná-la eficaz naquilo que se propõe: a melhora de todo o processo educativo. Avaliar qualitativamente significa um julgamento mais global e intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral, colocado em determinada situação relacionada às expectativas do professor e também deles mesmos. Nesse momento, o professor deixa de ser um simples colecionador de elementos quantificáveis e utiliza sua experiência e competência analisando os fatos dentro de um contexto de valores, que legitimam sua atitude como educador.

Ref: HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção da Pré-Escola à Universidade.

Por Amélia Hamze
Colunista Brasil Escola


Por Amélia Hamze
Colunista Brasil Escola

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Estamos no inicio

Olá pessoal estamos com nossa 1ª postagem em breve teremos muita dicas e coisas úteis para os professor (es) que desejam estar antenados.
Visite o grupo ainda acreditamos na educação e participe.